Notícia

Nota técnica da Comissão Científica da SBCP sobre a prática da hidrocolonterapia

Recentemente têm sido divulgadas informações nas redes sociais sobre a prática da hidrocolonterapia. Este procedimento consiste na limpeza do intestino grosso através da aplicação de água ou soro pelo ânus.

A justificativa para a utilização deste método seria a suposta autointoxicação pelo acúmulo de fezes antigas no intestino. Esta teoria foi cientificamente desmentida por volta de  1920 quando estudos científicos demonstraram não haver qualquer relação entre a presença de fezes no cólon e algum tipo de intoxicação no nosso organismo. A ideia de que as fezes poderiam ficar presas à parede do intestino por vários anos também é completamente descabida. Estudos realizados em procedimento cirúrgicos e autópsias nunca evidenciaram a presença de fezes firmemente aderidas à parede do intestino grosso. Pacientes com trânsito intestinal lento, constipados, necessitam sempre uma avaliação médica sistemática e na maioria das vezes são tratados com dieta adequada, ingesta de líquidos e atividade física regular. Algumas medicações também são utilizadas eventualmente, mas sempre com critérios definidos após minuciosa avaliação médica.

O nosso trato digestório é povoado por um grande número de organismos comensais (nossa flora intestinal) que são fundamentais no equilíbrio imunológico de todo o corpo humano. Alterações frequentes nesta flora podem ser extremamente prejudiciais.

A limpeza sistemática do intestino, além de não ter nenhum benefício comprovado, acarreta potenciais riscos à saúde das pessoas; tais como: desequilíbrio da flora intestinal, desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, distensão abdominal, cólicas, perfuração do intestino e sangramento por lesão da parede intestinal durante a colocação da sonda. A hidrocolonterapia foi condenada nos EUA em 1985 pela FDA (Food and Drug Administration) como método terapêutico para desintoxicação do organismo.

Existem, entretanto, situações muito específicas em que o cólon deve ser limpo para procedimentos diagnósticos (Colonoscopia) ou terapêuticos (determinadas cirurgias). Este procedimento deverá ser sempre indicado por médico que tenha experiência e que conheça as particularidades de saúde de seu paciente.

Sendo assim, até o momento não existe qualquer comprovação científica que justifique a utilização de hidrocolonterapia para o tratamento de qualquer moléstia intestinal ou extraintestinal. Por outro lado, são bem claros os riscos que a aplicação deste método pode trazer à saúde das pessoas.

Comissão Científica da SBCP

Antonio Lacerda Filho

Eduardo de Paula Vieira

Sidney Roberto Nadal

Sthela Maria Murad Regadas

Henrique Sarubbi Fillmann

Adicionar comentário

Clique aqui para postar um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.