Sociedade Brasileira de Coloproctologia alerta que estufamento do abdômen, sangramento, mudança repentina dos hábitos intestinais e perda de peso são alguns dos sinais que devem ser investigados pelo especialista
Azia, vômitos, sensação de estufamento, dor abdominal, cólicas, diarreia, intestino preso e escape de gases e fezes são alguns dos sinais de alerta de que algo não está funcionando bem no intestino. Presença de sangue e perda de peso também devem ser motivo de atenção.
O intestino grosso pode ser acometido por doenças de causa genética, constituição corporal, hábitos alimentares e de higiene. “Entre elas está o intestino preso, às vezes intercalado por episódios súbitos de diarreia e cólicas, o que pode indicar síndrome do intestino irritável, frequentemente associado ao estilo conturbado de vida das grandes cidades ou à somatização das ansiedades e medos do ser humano”, exemplifica Dra. Maria Cristina Sartor, ex-presidente e membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
De acordo com a médica, com o envelhecimento é comum ocorrerem intolerâncias alimentares, especialmente a leite e derivados ou a grãos, em virtude da diminuição da capacidade do organismo de absorver lactose e galactose, o que também causa alteração no ritmo e consistência das evacuações, estufamento, flatulência e dor abdominal. Veja a seguir mais doenças que afetam o intestino.
Hemorroidas
Outro problema que pode acometer a região anal são as hemorroidas, que ocorrem quando vasos sanguíneos situados na parte interna do canal anal aumentam de tamanho e inflamam, causando dor, sangramento e desconforto.
Diverticulite
Os divertículos são pequenos sacos que surgem na parede do intestino grosso, sendo frequentes na população com mais de 60 anos. “Quando inflamados, causam diverticulite aguda, que na grande maioria das vezes pode ser tratada apenas com medicações, mas em alguns casos pode provocar infecções graves no abdome ou sangramento muito volumoso, ambos podendo levar a internamentos prolongados, cirurgias e até mesmo à morte”, explica Dra. Maria Cristina.
Um mito envolvendo os divertículos é que a ingestão de alimentos com sementes causaria a sua inflamação, mas a diverticulite não tem a ver com o consumo de sementes.
Câncer de intestino
O câncer colorretal é a doença intestinal mais temida. É o segundo tumor em incidência na mulher e o terceiro no homem, mas é o único tipo realmente prevenível, pois para todos os outros a vigilância só consegue fazer diagnóstico precoce, já que iniciam seu desenvolvimento como câncer.
Apesar de ter poucos sintomas no início, o câncer de intestino, quando diagnosticado precocemente, tem grande probabilidade de ser completamente curado. “A maioria dos casos de câncer colorretal tem uma fase benigna precursora, quando não há sintoma algum, permitindo que façamos procedimentos de prevenção. O mais comum é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, mas a medida de prevenção mais eficaz é a colonoscopia, que é uma endoscopia no intestino grosso através do ânus. Ela pode interromper a transformação de uma lesão benigna (o pólipo) em câncer, pois permite sua remoção por meio da própria endoscopia”, alerta a coloproctologista.
A recomendação é procurar um especialista para iniciar a prevenção a partir dos 45 ou 50 anos ou sempre que aparecer qualquer sinal ou sintoma anormal persistente, especialmente alteração dos hábitos de evacuação, sangramento, dor e anemia, com ou sem perda de peso.
Doenças inflamatórias intestinais
Outro grupo de doenças cada vez mais frequentemente diagnosticadas são as doenças inflamatórias intestinais (DII), sendo as mais comuns a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Elas afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo. São doenças autoimunes, acometendo geralmente jovens entre 20 e 40 anos e em segundo lugar pessoas de 55 a 75 anos.
As DII causam inflamação em vários graus no intestino, o que leva a dor, diarreia, emagrecimento, sangramento e perda de muco pelo ânus e até problema nas articulações e na pele. Apesar de não terem cura, o tratamento permite o controle ou remissão na maioria dos pacientes, melhorando a qualidade de vida. A medicação usual, apesar de ser cara, é fornecida gratuitamente pelo SUS.
Prevenção
É importante observar as fezes. Se notar alterações na forma e consistência, como sangue, parasitas e muco, e desconforto abdominal e/ou na região anal, a recomendação é procurar o coloproctologista.
A alimentação também merece atenção especial, já que o funcionamento do intestino é diretamente influenciado pela dieta. “Além de alimentos ricos em proteínas e carboidratos para termos energia, gorduras e óleos saudáveis, é imprescindível que tenhamos boa ingesta de fibras solúveis e insolúveis, contidas nas verduras, legumes, frutas e cereais, e de líquidos, desde água até sucos e chás. Assim, haverá um bolo de fezes com volume, lubrificação e hidratação adequados. E se associarmos atividade física regular a todos esses cuidados, a saúde do intestino vai melhorar ainda mais”, orienta Dra. Maria Cristina.
Deve-se também abolir o tabagismo e evitar o excesso de bebida alcoólica e de alimentos ultraprocessados, como os embutidos.
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