Médicos falam sobre os hábitos importantes para prevenir o câncer de cólon e como diagnosticá-lo em fases iniciais, aumentando as chances de cura. Por Pedro Averbach e Marcelo Averbach, coloproctologistas.
Goste ou não de futebol, Pelé formou parte da identidade brasileira enquanto nação. Se mundo afora somos vistos como o país do futebol, da felicidade e da ginga, muito disso devemos a esse brasileiro de origem negra e humilde, nosso eterno camisa 10. Para além dos gramados, o rei do futebol elevou o status e deu visibilidade ao Brasil. Apesar de ser, talvez, o brasileiro mais famoso do último século, Edson Arantes do Nascimento faleceu em decorrência de um câncer que pode ser prevenido.
O câncer de cólon é muito frequente no Brasil, sendo o segundo que mais atinge homens e mulheres no nosso país. Lembremos que hábitos de vida saudáveis podem levar à redução no risco de aparecimento do tumor de intestino. Alguns exemplos: não fumar e não beber álcool, combater a obesidade, evitar o sedentarismo, reduzir o consumo de carnes vermelhas e seguir uma dieta rica em fibras. Essa é a chamada prevenção primária.
Já a prevenção secundária é aquela que busca diagnosticar lesões antes mesmo de elas gerarem sintomas. Assim, podemos achar e tratar doenças com potencial de transformação para câncer – ou até mesmo o tumor em fase precoce, quando há maiores chances de cura. Para o câncer de cólon, o rastreamento deve ser iniciado para todos os indivíduos a partir dos 45 anos.
A realização da colonoscopia é uma das formas mais eficazes de realizarmos esse rastreamento. Esse exame permite encontrarmos e retirarmos pólipos, que são lesões precursoras do câncer. Ao fazermos isso, evitamos mais de 50% dos casos desse tumor. Além disso, quando encontramos o câncer no indivíduo ainda sem sintomas, ele é diagnosticado em estágio mais precoce, com melhor chance de cura, reduzindo cerca de 70% das mortes por essa causa.
O rastreamento do câncer colorretal pode ser feito também por meio da pesquisa de sangue nas fezes – se der positivo, aí se indica a colonoscopia. É também uma maneira efetiva de reduzir a mortalidade por essa causa, mas é uma técnica menos sensível, e que requer repetição anual.
Os sintomas mais importantes
Por fim, devemos valorizar os principais sinais, que são sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal (com alternância entre a diarreia e o intestino preso), dor abdominal, perda de peso e anemia.
Na presença desses sintomas é preciso procurar ajuda médica para que se possa fazer o diagnóstico e instituir o tratamento o mais breve possível.
Assim, morre Edson Arantes do Nascimento, vítima de um tumor que pode ser evitado. Pelé, por outro lado, segue eterno na memória e nos corações dos brasileiros e de outros tantos fãs do esporte mundo afora.
Pedro Averbach e Marcelo Averbach são médicos coloproctologistas e fundadores da ONG Zoé
Artigo publicado originalmente na revista Veja Saúde
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